segunda-feira, 22 de março de 2010

Coincidências - parte II


Dexter olhava para Dalila com os lábios entreabertos, abobado.
- Ah, é você. Sempre você, né? - disse Dalila, pondo Norma no chão.
- É, sou eu.
- Deu pra perseguir minha família, agora?
- Não fale besteira. A Norma quase foi atropelada, pelo menos me agradeça, se teve a mesma educação que sua irmã.
- Obrigada. Mas você ainda não me agradeceu, hipócrita.
- Obrigado.
- Você é patético. Norma, não aceite nada de estranhos!
- Eu não sou estranho.
- É verdade, você é pior.
- Você realmente tem que destruir meu dia esteja onde eu estiver, não é?
- É, tenho. É realmente algo genial mandar minha irmã ser atropelada para ver se você salva ela.
- Tenho pena dessa menina, imagina que coisa horrível ter que dividir a casa com você.
- Isso foi muito engraçado.
- Vá se danar.
- Porque você não vai embora? Já salvou minha irmã, já agradecemos, o que você quer mais?
- Dalila, não manda ele ir embora, ele me salvou, dá um sanduíche pra ele! - Norma se intrometeu na briga, foi até a cesta e entregou um sanduíche natural que Dalila havia feito.
- Obrigado, Norma, não estou com fome, obrigado - Dexter recusou, educadamente. – Da próxima vez, tome conta da sua irmã. Ela não tem culpa de ser melhor do que você.
- Você fala como se me conhecesse.
- Tchau, Norma, cuidado na próxima, hein? - ele se ajoelhou e deu um beijo na bochecha suja de chocolate da garota. - Sua bochecha tá uma delícia, mas não deixe mais nenhum garoto beijá-la, tá certo?
- Prometo – e cruzaram os mindinhos. - Ei, como é seu nome?
- Dexter.
- Tchau, Dexter! - e ele se levantou e virou as costas, atravessou a rua e foi embora com o Opalla.
- Vamos embora, Norma – disse Dalila.
- Tá certo – elas recolheram a cesta e a toalha, e foram embora também.
Ao chegar em casa, Dalila ajudou a irmã mais nova a tomar banho, depois deixou-a brincar com suas bonecas, para ir tomar o próprio banho.


E, classicamente trágico, os dois se encontraram domingo, no supermercado. E logo no começo das compras, quando os dois puxaram o mesmo carrinho ao mesmo tempo.
- Pode ficar – murmuraram juntos, sem perceber que estavam se falando. E um reconheceu a voz do outro.
- Vou chamar a polícia – disse Dalila, enquanto puxava o carrinho com força.
Dexter grunhiu e puxou o outro carrinho, adentrando no último corredor, para não ter que pegar coisas ao mesmo tempo que Dalila no primeiro corredor.
As compras correram normalmente, Dalila encheu seu carrinho com frutas, legaumes e cereais enquanto Dexter havia já pego os congelados e materiais de limpeza. Porém, se encontraram no corredor de temperos, e acabaram pegando o mesmo vidro de catchup.
- Me dá – ordenou Dalila.
- Você já pegou o carrinho primeiro.
- Primeiro as damas, mal-educado.
- Você é um demônio, não é uma dama.
- Me dá isso, desgraçado!
- Tem mais na prateleira!
- Então pegue você! - seria bom que algum dos dois tivesse cedido antes. O vidro de catchup não suportou os apertos, e a tampa soltou, derramando catchup por todo o rosto e roupas de Dexter e Dalila.
- Tá vendo o que você fez?! - exclamou ela.
- Foi você, foi você! Ah, você sempre estraga tudo!
- Foi você que apertou, retardado!
- Nem vem, você também apertou!
- Você é tão infantil!
- Ha, olha só quem fala!
O gerente acabara de se postar ao lado deles, e os olhava carrancudo.
- Por favor, senhores, apenas paguem o prejuízo.
- Não vou pagar sozinha! - reclamou Dalila.
- Nem eu! - imitou Dexter.
- Então dividam o preço. É... 3,50, cada um paga um dólar e setenta e cinco centavos - sugeriu o gerente.
Dexter deu o dinheiro à ela, pegou um vidro de catchup e foi em direção ao outro corredor. As compras terminaram em paz, porém com muitos olhares dos outros clientes para as roupas e os rostos “ensanguentados”.
Enquanto Dexter estacionava o carro na garagem, pensou no ocorrido. As ocasiões insistiam em juntar eles dois, sempre. E depois pensou no motivo de todas as brigas dos dois, como a própria Dalila sugerira. No primário normalmente aconteciam porque ambos desejavam o mesmo lápis de cor, ou o mesmo brinquedo. Quando cresceram mais um pouco, suas brigas eram frequentes por pontos perdidos em provas, porque suas respostas pareciam demais e os professores julgavam fraude. E agora no colegial, tinham ódio mútuo por causa de besteiras do passado, e se irritavam quando ouviam o outro dizer que gostavam de certa banda, e os boatos que queriam o mesmo curso na mesma universidade também os deixava excessivamente irritados, e se encontravam quase sempre no mesmo lugar, do supermercado ao pub das sexta-feiras.
Dexter também pensou no que ele mesmo dissera. Se você analisar direito, parece que gostamos das mesmas coisas. Que ridículo, ele pensou. Mas não pôde segurar sua mente voltar para a frase dita e refletir com menos pessoalidade.


ps: ei pessoal, divulgem! *-* e comentem blz, quero saber se estão lendo :)
ps²: quem não leu meu outro blog: www.pleasanceliddell.blogspot.com bjs :3

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