domingo, 14 de março de 2010

Coincidências - Parte I


No último sábado de setembro, Norma, irmã de cinco anos e meio de Dalila, queria ir ao Central Park. A garotinha insistiu muito até a irmã mais velha finalmente ceder um passeio no Cadillac amarelo.
Dalila, claro, queria divertir a irmã, mas também queria mudar os ares. Os ensinamentos hippies de Olive e as encontradas com Dexter em corredores e aulas estavam deixando-a excessivamente irritada e de mal com a vida. Não que a companhia de Olive fosse ruim, mas sua viagem à Índia estava manipulando a sua cabeça, as amigas não tinham uma conversa decente há tempos.
Norma e a irmã prepararam uma cesta de piquenique com suco, sanduíches e maçãs. Chegaram às dez horas no parque, e logo esticaram a toalha debaixo de uma velha árvore. Por sorte, o céu estava claro e não havia o menor indício de chuva.
Dalila deixou a irmã brincar com uma bola com outras crianças em um lugar não muito afastado enquanto lia Razão e Sensibilidade. Era a quarta vez que lia esse clássico, mas não cansava. Leu pelo que lhe pareceu uma hora, até Norma chegar, ofegando e pedindo sanduíche.
As irmãs mastigaram felizes a comida, conversando sobre qualquer besteira que crianças conversam. Quando acabaram, Dalila se armou com um frisbee, levantou a irmã pela mão, e jogou o brinquedo para ela.
Norma nem sempre pegava, nem Dalila, quando a força ou o mal jeito de Norma não permetia o frisbee chegar ao seu alcance. Dalila foi ensinar à irmã como jogar o frisbee direito, e acabou jogando com força demais, o objeto voou por cima da cabeça da garotinha, ela riu e correu para pegar o brinquedo.
A menina correu pelo gramado, quando o frisbee parava debaixo de uma árvore no gramado à frente. Ela atravessou a passagem de pedestres e recuperou o brinquedo, porém quando estava novamente atravessando a passagem, ouviu uma buzina, um grito, sentiu alguém puxar com força seu corpo de repente, e viu uma bicicleta derrapar depois de quebrar o frisbee. A ciclista veio ao encontro de Norma, que estava envolvida por braços de um rapaz.
- Você está bem? Eu não te vi, você apareceu de repente, me desculpe, tome mais cuidado! - disse a mulher.
- Desculpe, moça. - disse Norma, confusa.
- Ok, eu... Eu tenho que ir! - a mulher disse, beijou a cabeça da garotinha e subiu na bicicleta novamente, recomeçando a pedalar.
- Você tem que tomar mais cuidado! - disse o rapaz que salvara Norma, e estava segurando-a agora.
- Desculpe, eu não vi. Obrigada por me salvar.
- Ah, tudo bem, você quer um sorvete? - ele parou um vendedor de sorvetes que passava e comprou duas casquinhas de chocolate.
- Obrigada! - disse Norma, lambendo feliz o sorvete.
- E cadê sua mãe?
- Não estou com minha mãe.
- Cadê seu responsável?
- Estou com minha irmã mais velha. Ela tá ali - e apontou a árvore da qual Dalila estava atrás.
- Ok, então vamos lá. - o rapaz se ajoelhou, e Norma subiu em seu pescoço, segurando na cabeça do homem.
- Seu cabelo é muuuuito legal. - a garota disse, bagunçando o cabelo muito ruivo do homem.
- Ah, obrigado! Como é seu nome?
- Norma.
- Quantos anos você tem?
- Cinco anos e meio.
- Hum, ok, sua irmã deve estar aqui atrás...
- É... - se limitou a isso, lambendo o sorvete. O rapaz parou ao chegar na parte de trás da árvore. Ele se ajoelhou e Norma desceu de seu pescoço, e ele viu um par de All Stars verdes se aproximar e sua dona perguntar à garota:
- O que aconteceu? Cadê o frisbee? - e o ruivo reconheceu a voz rouca. Ergueu a cabeça e se levantou, Dalila segurava Norma nos braços.
- Eu quase fui atropelada por uma bicicleta, mas esse cara me salvou! - e lambeu mais uma vez o sorvete. Neste momento, Dalila dirigiu sua atenção aos cabelos ruivos.

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