quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Metrô - Parte II


Quando a porta do vagão se abriu, Dexter tirou os fones para checar mesmo se aquele não era o lugar que devia descer. E acabou notando que o volume máximo dos fones verdes de Dalila tocava a mesma música dos fones brancos dele. Hotel California, The Eagles. Essa música com seus 1:07 de introdução o acalmava bastante. Ele ficou intrigado com os fones. Apostaria um segundo antes que ela estaria ouvindo uma boyband ou qualquer outra música de mentira. E sua intrigação o levou a aproximar o ouvido mais do ouvido dela, para tenter checar se era verdade, e aproximou mais, e mais, até que encostou a bochecha marcada de dedos na dela. Ela pulou de um sobressalto no banco, e os dois viraram os rostos no mesmo momento, deixando os narizes roçarem um no outro.
- O que é? - ela perguntou, indignada, e tirou os fones dos ouvidos
- Não, é que.. o que você tá ouvindo? - ele disse, encabulado com a própria ação.
- Ho-Hotel California.
- Porque?
- Isso não te interessa não é, sai de perto de mim, seu idiota.
- É, vou sair sim, sua imbecil.
- Ridículo nojento.
- Tá bom de você voltar a ouvir Back Street Boys, retardada, você suja o nome dos fãs de Hotel California.
- Porque você simplismente não me deixa em paz?
- O demônio também quer paz, então?
- Eu te odeio.
- Que bom, você é correspondida.
O metrô parou pela segunda vez, Dalila e Dexter desceram e antes de subirem por escadas diferentes, se olharam como se fossem capazes de arrancar os dentes do outro com um alicate.
Chegaram ao colégio depois de andar dois quarteirões em calçadas opostas.
- Dalila! - chamou Olive assim que a garota entrou no corredor lotado. - Dalila... O que... O que aconteceu?
- Dexter – as amigas foram andando até Dalila chegar ao seu armário, abri-lo e começar a pegar coisas.
- Ele, de novo?
- É, de novo! Mas também não foi só ele, sabe, acordei atrasada, não penteei o cabelo, não passei perfume, escovei super mal os dentes, e um taxista me deu um banho.
- Dia difícil, hein?
- Hum, e ainda perdi o metrô, vim num lotado, sem falar que antes caí por cima do Dexter e ele tirou minha calça!
- Não acredito!
- É, eu sei. Ai que ódio, que ódio! Eu queria poder dar um tiro na cabeça dele, queria, mas antes eu podia enfiar uma faca num umbigo dele, e arrancar as unhas, e...
- Não cultive esses sentimentos ruins...!
- Ai, Olive, não me vem com esses ensinamentos hippies de woodstock, por favor! Hoje não estou num bom dia.
- Mas, eu tenho uma boa notícia!
- Espero...
- Chequei minha poupança ontem! Tenho dinheiro suficiente para pagar minha viagem! Você já imaginou como vai ser conhecer a Índia? Aquele mundo mágico, cheio de fé, cheio de mágica, de milagres, que pensamentos positivos!
- Uma coisa positiva, Olive, seria usar roupa íntima.
- Isso é só um expressão de liberdade! Não tenho nada contra!
- Ok, Olive, mas por favor, diga que você está usando calcinha hoje.
- Na verdade...
- Não acredito!
- É uma comemoração para minha viagem, e preciso me acostumar...
- Olive. - Dalila pegou uma calcinha no armário (uma prevenção às crises de Olive) e continuou, entregando à amiga – Ponha esta calcinha. Não é higiênico, Olive.
A garota pegou a calcinha e a olhou chateada.
- E, por favor, – disse Dalila – se comporte na Índia.
- Porque eu não me comportaria?
- País estranho, poucas pessoas falam inglês, cheio de costumes diferentes, Olive... Use calcinha e sutiã.
- Dalila, você está sendo preconceituosa.
- Que seja. - e foram andando até o banheiro, onde Olive pôs a roupa íntima e Dalila penteou os cabelos e limpou o casaco. Ela decidiu não usar a essência de canela e eucalipto que a amiga lhe ofereceu.
Dexter entrara no corredor assim que Dalila e Olive ingressaram no toalete, e ele também não tardou a encontrar o melhor amigo, Malcom.
- Hey, Dex. Cara, você foi atropelado? - ele reparou no aspecto nada bom do amigo.
- Seria melhor que tivesse sido.
- O que aconteceu?
- Dalila.
- Caramba, cara, você não se livra dessa praga...
- A-ha, esse dia chegará.
- Eu torço por isso, será o mesmo dia da paz mundial!
- Mas, e aí, baixou o que ontem? - Dexter perguntou depois de uma risada.
- A trilha sonora de todos os Star Wars.
- Boa.
- É, é, verdade, cara, a música do Darth Vader é viciante!
- Imagino.
- Você tá estranho.
- Hoje é um dia horrível, mas, uhhh... - uma garota que a maioria dos homens julgaria bonita (e algo mais) acabara de passar na frente dos amigos. Eles entortaram o pescoço para continuar encarando a bunda dela como encarariam um sundae.
- A gente devia fazer algo útil em vez de ficar desejando paz mundial e ouvindo músicas do Darth Vader, sabe - Dexter disse, abobado.

CONTINUA NO PRÓXIMO POST...

4 comentários:

  1. Back Street Boys, desenterrou ein! kkkkkk'

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  2. Ahh li a primeira parte e achei muito legal.. =D
    Depois venho ler a segunda!
    Beeijos Flor

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  3. Fantástico! Há muito tempo não lia algo tão divertido! Garota, vc vai longe... essa é a minha filha...

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  4. Ai, vc termina esse cap pensando: "Garotos..." o fim foi taum realista...Muito legal!

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